No recente Colóquio sobre Slavoj Zizek - «Viver Perigosamente» (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, dias 10 e 11 de abril), José Martinho, psicanalista da Associação Mundial de Psicanálise (AMP) e da New Lacanian School (NLS), além de fundador em Portugal da Antena do Campo Freudiano (ACF), relembrou a certa altura que Zizek esteve bem orientado desde o princípio, uma vez que conviveu com os melhores alunos de Lacan, em particular com Jacques-Alain Miller. É o próprio Slavoj Zizek que reconhece esta dívida, aqui e além, nos seus livros e entrevistas, mesmo se nos últimos anos se tem vindo a acentuar uma rotura entre ambos.Não é disto, porém, que eu gostaria de falar; em vez disso, lanço uma questão: quem é Jacques-Alain Miller?
Muita coisa se poderia escrever como resposta. Antes de mais, que foi o genro e legatário da obra de Lacan. É ele que tem vindo a estabelecer, desde há vários anos, os seus escritos e seminários, além de animar um seminário de Orientação Lacaniana que tem sido uma autêntica forja e, sobretudo, uma bússula para todos aqueles que procuram orientar-se no ensino de Lacan, tanto na sua vertente pura como aplicada, quer dentro como fora de muros. Poderia dizer isto e muito mais. A importância do trabalho de Jacques-Alain Miller - movido por um desejo a toda a prova - tem vindo a crescer de dia para dia. Mas não é dessa forma geral, reconhecida por todos, mesmo por aqueles que discordam muitas vezes das suas posições ou decisões, que eu gostaria de falar. Lanço antes a questão: quem é, para mim, Jacques-Alain Miller?
Como muitas vezes aconteceu na minha vida e na mais diversas ocasiões - daí o título do blogue - foi ao pé da letra que eu primeiro conheci Jacques-Alain Miller. A começar por um texto, digamos, introdutório, que se chamava Recorrido de Lacan (em espanhol) e onde se reuniam diversas conferências realizadas por J.-A. Miller em Caracas (1979), Bruxelas (1981) e Buenos Aires (1981). E desde logo ficou absolutamente claro, para mim, que ser lacaniano era perfeitamente compatível com um estilo - nesse aspeto bem diferente do estilo gongórico do próprio Lacan - que não primava pelo hermetismo, mas antes pela clareza. Jacques-Alain Miller tem a capacidade única de ser ao mesmo tempo profundo e leve, simples e rigoroso, preciso e denso. O seu estilo, cristalino, é a melhor forma de prosseguir aquilo que Lacan chamava, algures, no Seminário X, um ideal de simplicidade, apanágio de todo o verdadeiro ensino. Mas não é disso que eu gostaria de falar, nem das dezenas de textos que li posteriormente ou das conferências memoráveis a que pude assistir em Paris; uma delas lendária porque me fez chegar atrasado ao avião, perdê-lo, e ter de pagar mais na viagem de volta do que teria pago por toda a viagem de ida e volta.
Não, não é isso. Aquilo que eu gostaria, mais do que falar de Jacques-Alain Miller, é de dar dois exemplos. Dois textos recentes que servem, como nehum outro, de fio de Ariana para entrar sem receio de vir a perder-se num labirinto chamado ensino de Jacques Lacan, em particular no Seminário VI, O Desejo e a sua Interpretação. Com a garantia de que há lá um segredo. Qual?
Aqui deixo as traduções que fiz (naturalmente discutíveis) dos textos em causa.
Muita coisa se poderia escrever como resposta. Antes de mais, que foi o genro e legatário da obra de Lacan. É ele que tem vindo a estabelecer, desde há vários anos, os seus escritos e seminários, além de animar um seminário de Orientação Lacaniana que tem sido uma autêntica forja e, sobretudo, uma bússula para todos aqueles que procuram orientar-se no ensino de Lacan, tanto na sua vertente pura como aplicada, quer dentro como fora de muros. Poderia dizer isto e muito mais. A importância do trabalho de Jacques-Alain Miller - movido por um desejo a toda a prova - tem vindo a crescer de dia para dia. Mas não é dessa forma geral, reconhecida por todos, mesmo por aqueles que discordam muitas vezes das suas posições ou decisões, que eu gostaria de falar. Lanço antes a questão: quem é, para mim, Jacques-Alain Miller?
Como muitas vezes aconteceu na minha vida e na mais diversas ocasiões - daí o título do blogue - foi ao pé da letra que eu primeiro conheci Jacques-Alain Miller. A começar por um texto, digamos, introdutório, que se chamava Recorrido de Lacan (em espanhol) e onde se reuniam diversas conferências realizadas por J.-A. Miller em Caracas (1979), Bruxelas (1981) e Buenos Aires (1981). E desde logo ficou absolutamente claro, para mim, que ser lacaniano era perfeitamente compatível com um estilo - nesse aspeto bem diferente do estilo gongórico do próprio Lacan - que não primava pelo hermetismo, mas antes pela clareza. Jacques-Alain Miller tem a capacidade única de ser ao mesmo tempo profundo e leve, simples e rigoroso, preciso e denso. O seu estilo, cristalino, é a melhor forma de prosseguir aquilo que Lacan chamava, algures, no Seminário X, um ideal de simplicidade, apanágio de todo o verdadeiro ensino. Mas não é disso que eu gostaria de falar, nem das dezenas de textos que li posteriormente ou das conferências memoráveis a que pude assistir em Paris; uma delas lendária porque me fez chegar atrasado ao avião, perdê-lo, e ter de pagar mais na viagem de volta do que teria pago por toda a viagem de ida e volta.
Não, não é isso. Aquilo que eu gostaria, mais do que falar de Jacques-Alain Miller, é de dar dois exemplos. Dois textos recentes que servem, como nehum outro, de fio de Ariana para entrar sem receio de vir a perder-se num labirinto chamado ensino de Jacques Lacan, em particular no Seminário VI, O Desejo e a sua Interpretação. Com a garantia de que há lá um segredo. Qual?
Aqui deixo as traduções que fiz (naturalmente discutíveis) dos textos em causa.
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